A gente não quer só festinha!

Neste momento falarei um pouco sobre o recente episódio acerca do furto dos quadros do MASP, encontrados em uma casa de nossa cidade. A melhor frase para resumir o episódio -sem querer debater o aspecto legal- se resumiria no que o divertido José Simão -da coluna do Macaco Simão- chamaria de piada pronta. Numa cidade em que não há sequer um espaço cultural para exposição dos trabalhos dos artistas da cidade, encontrar justamente aqui quadros avaliados em mais de 100 milhões de reais é, no mínimo, interessante. Eu acredito que esse acontecimento não trouxe apenas aspectos negativos (que obviamente já são muito conhecidos pela imagem que a cidade tem de violenta e espaço para o acolhimento de crimes), penso que trouxe uma discussão para a cidade acerca da cultura através de obras de arte que, a maioria dos nossos irmãos ferrazenses jamais tiveram contato. E olha que as observações foram interessantes. Lembro-me do caso de uma senhora que fez o seguinte comentário sobre a obra o Lavrador de Café - quadro de Candido Portinari avaliado em cerca de 10 milhões de reais: "mas, roubar um quadro tão feio, se ao menos fossem umas florzinhas". Vejam senhores, não falo isso para que ninguém morra de rir ou se divirta com a situação, a minha preocupação é que também nossas crianças sejam formadas sem o mínimo conhecimento do que é uma obra de arte, o que ela representa e quanto de nossa cultura está impregnado em cada uma das pinceladas do quadro de Portinari. Sim, meus amigos, urge uma mudança no âmbito cultural em nossa cidade, para além das festinhas que todos os prefeitos se orgulham de fazer, importantes para divertir, mas que não agregam nenhum valor ao desenvolvimento da cultura em nossa cidade.